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segunda-feira, 20 maio, 2024

Denúncia: Escassez de médicos pediatras desencadeia cenário de guerra no Hospital do Gama

Funcionários do HRG descrevem situação de conflitos com falta de médicos pediatra no atendimento, porque os profissionais estão sendo alocados para outras atividades

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Denúncia feita por servidores do HRG descreve que a ala pediátrica da unidade está um verdadeiro cenário de guerra. De acordo com o relato, o hospital  enfrenta uma grave escassez de profissionais pediatras para atender à sua crescente demanda. Apesar de serem realizados em média 600 partos por mês, a unidade conta apenas com dois pediatras locados. Nos momentos críticos, a unidade se vê desprovida de qualquer profissional disponível nessa área, o que obriga enfermeiras e técnicos de saúde a assumir uma carga ainda mais pesada, aumentando a pressão sobre o sistema. Além disso, a escassez de profissionais também impacta diretamente na ocupação dos leitos, que já são insuficientes e acabam permanecendo ocupados devido à falta de médicos disponíveis para dar alta aos pacientes. 

Na denúncia, os servidores descrevem a situação alarmante em que se encontra a unidade de saúde: “Já no governo anterior, a primeira pediatria do HRG foi fechada, privando as crianças do acesso aos cuidados necessários. Desde então, uma crise de pediatras começou a se instaurar, e o cenário se assemelha a uma guerra, onde recém-nascidos são deixados à própria sorte”, conta.

Em documento oficial da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, consta o registro da contratação de sete pediatras para atender o HRG. Entretanto, na prática, observa-se que esses profissionais não estão desempenhando as funções para as quais foram designados conforme o documento. De acordo com relato, muitos deles estão sujeitos a desvio de função ou estão prestando serviços em outras unidades. “Apesar de a Secretaria afirmar que há profissionais designados para o HRG, estes frequentemente não estão presentes quando necessários. É comum que esses profissionais só apareçam quando o caos já está instalado, para atender demandas espontâneas”, relata.

Caos generalizado e consequências da terceirização 

Desvalorização dos servidores da saúde, falta de investimento e o foco no lucro são os principais fatores que alimentam o caos generalizado na saúde pública do Distrito Federal. O descaso com a saúde na capital já é amplamente conhecido. Segundo o advogado Marco Vicenzo, que protocolou um pedido de cassação por prática de crime de responsabilidade na Câmara Legislativa do Distrito Federal, na última quarta-feira ( 08), a situação no HRG, embora grave, é apenas a ponta do iceberg de uma situação ainda mais preocupante. 

“A situação grave do HRG, infelizmente, não é um caso isolado. O sistema de saúde do DF vem sofrendo uma regressão há muito tempo. O surto de dengue, no qual o Distrito Federal figurou como o pior entre todas as unidades da federação, mesmo recebendo mais orçamento do que os demais, demonstra claramente a má gestão e o descaso por parte do governo”, explica.

O advogado ainda aponta a terceirização como uma das causas da precarização da saúde no DF. O movimento, liderado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGES), detém o monopólio no setor e controla várias instalações de saúde, estabelecendo preços e condições de trabalho com pouca ou nenhuma fiscalização. “Acredito que desde a implantação do IGES, a situação só vem se agravando. A terceirização não traz nenhum benefício para a população. Os únicos que lucram com esse esquema de gestão são os empresários, colocando o lucro acima da vida”. 

Perante essa realidade, torna-se urgente que o GDF reconsidere suas prioridades e aloque recursos suficientes para assegurar uma assistência de saúde pública de  qualidade a todos os habitantes de Brasília. Recentemente, uma pesquisa revelou que o governo deixou de investir mais de 1,3 bilhões de recursos próprios no SUS local entre 2022 e 2023. O que  demonstra um completo descaso, considerando que esse montante poderia ter sido utilizado para contratar novos servidores e suprir a demanda carente de profissionais. Como explica Vicenzo. “ É extremamente necessário que sejam nomeados todos os aprovados nos concursos públicos e processos seletivos que ainda estão em aberto referente às áreas de Saúde Pública no Distrito Federal, desde Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde, Enfermeiros Técnicos ou Formados, Médicos de todas as especialidades e todas as demais funções ligadas direta ou indiretamente a saúde”, conclui. 

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