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sexta-feira, 3 maio, 2024

Ex-ministros da Saúde escrevem manifesto “vacina para todos já”

O negacionismo e a postura de Bolsonaro perante a pandemia fizeram os 11 ex-ministros assinarem o manifesto

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SindSaúde DF
SindSaúde DF
Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Distrito Federal

O Brasil passa por um problema além dos impactos negativos do novo coronavírus. Os brasileiros voltaram a lidar com a falta de leitos nos estados para internação de casos graves, o luto de mais de 178 mil mortos pela Covid-19 e, agora, a aflição da falta de um planejamento concreto que estruture a imunização da população. Neste cenário, 11 ex-ministros da Saúde, de diferentes gestões, escreveram um manifesto conjunto nominado “vacina para todos já”.

O mundo todo busca acelerar, de maneira responsável, a compra e distribuição das vacinas que se mostrarem eficazes contra o novo coronavírus. Em uma onda de negacionismo, a postura do presidente Jair Bolsonaro dificulta a posição do Brasil no acesso a imunização.

O documento pontua que o país tem o diferencial de dispor de uma base produtiva e tecnológica em vacinas, além do “esforço de ação coordenada do SUS nas três esferas de governo permitiram que o país disponha hoje de um dos melhores e mais abrangentes programas de imunizações do mundo”, afirma. “O país necessita de um plano sólido, abrangente, que contemple todas as vacinas que consigam registro na Anvisa, sem qualquer tipo de discriminação”, conclui.

O manifesto é assinado por representantes de governos mais progressistas, como: Alexandre Padilha, Humberto Costa e José Gomes Temporão, e também de governos liberais, como Barjas Negri e José Serra. Porém, o que surpreende é o nome de dois ex-ministros nomeados pelo próprio Bolsonaro, são eles: Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Os dois saíram do Ministério por não concordarem com a posição do atual governo perante a pandemia.

Leia o texto na íntegra, que foi publicado pela Folha de São Paulo:

A história da ciência brasileira está profundamente ligada ao processo de pesquisa, desenvolvimento e produção de imunobiológicos e vacinas. Entre os países em desenvolvimento, o Brasil é um dos poucos a dispor hoje de uma base produtiva e tecnológica em vacinas. Dois dos maiores produtores mundiais estão no Brasil: o Instituto Butantan (São Paulo) e o Instituto Bio-Manguinhos, na Fundação Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro).

Essa base produtiva e o esforço de ação coordenada do SUS nas três esferas de governo permitiram que o país disponha hoje de um dos melhores e mais abrangentes programas de imunizações do mundo, capaz de garantir altíssima cobertura vacinal e que tem possibilitado a prevenção e o controle de várias doenças. Exemplos recentes são a vacinação da população brasileira, em 2010, contra o H1N1, quando 100 milhões de pessoas foram imunizadas com vacinas produzidas localmente no Instituto Butantan; a erradicação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, em 2010; e a introdução de novas vacinas, como a anti-HPV, em 2014, que nos próximos anos reduzirá drasticamente a mortalidade por câncer de colo uterino.

Contando com a proteção do SUS, um sistema de saúde de caráter universal e com vários centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) voltados para o campo da vacinologia, o Brasil produz em seus laboratórios a maioria das doses utilizadas pelo país em seu programa nacional de vacinação. Se considerado apenas o ano de 2018, nosso programa de imunizações utilizou mais de 300 milhões de doses de vacinas.

Essa capacidade endógena na produção de imunizantes, que reduz nossa dependência do exterior e garante altas coberturas vacinais, foi construída a partir de uma visão estratégica de distintos governos com parcerias de transferência de tecnologia entre laboratórios públicos e empresas multinacionais do setor farmacêutico.

Inovamos também na nossa capacidade logística, que nos permite dispor de milhares de pontos de vacinação em todo o território nacional e de mobilizar milhares de profissionais plenamente capacitados na organização e execução de campanhas de vacinação em massa.

Infelizmente, todo esse acúmulo de competências está sendo colocado em risco pela desastrada e ineficiente condução do Ministério da Saúde em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra a Covid-19.

O país necessita de um plano sólido, abrangente, que contemple todas as vacinas que consigam registro na Anvisa, sem qualquer tipo de discriminação. E que permita, ao longo do ano de 2021, garantir a vacinação para toda a população brasileira, prevenindo o surgimento de doença grave e suas consequências, reduzindo substancialmente a atual pressão sobre nosso sistema de saúde e garantindo o pleno retorno às atividades econômicas e sociais.

Alexandre Padilha

Arthur Chioro

Barjas Negri

Humberto Costa

José Agenor Álvares da Silva

José Gomes Temporão

José Serra

José Saraiva Felipe

Luiz Henrique Mandetta

Marcelo Castro

Nelson Teich

Ex-ministros da Saúde

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