O abono de ponto dos servidores e 40 horas também foram itens da pauta.
A direção do SindSaúde participou nesta terça-feira (19) da reunião da Mesa Permanente de Negociação do SUS-DF, realizada na sede do Conselho de Saúde do DF, com o objetivo de divulgar o novo projeto do governo de descentralização da Secretaria de Saúde — publicado no Diário Oficial (DODF) na última sexta (15) — e a apresentação dos superintendentes regionais que terão a árdua tarefa de reestruturar hospitais e centros de saúde do Distrito Federal. O debate contou também com o secretário da Pasta Fábio Gondim.
Entenda a descentralização
O DF foi dividido em sete regiões de saúde (centro-sul, centro-norte, oeste, sudoeste, norte, leste e sul) com o intuito de dar autonomia administrativa e financeira a cada gestor. Superintendentes e diretores administrativos deverão promover um rearranjo organizacional que solucione os problemas dos hospitais e na atenção primária. “O que precisamos saber quando vamos começar a perceber o resultado dessas mudanças”, avaliou a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues. “Não existe recuperação da saúde pública que não passe pela valorização do trabalhador. Apenas essa descentralização não irá resolver, pois a classe trabalhadora precisa ser ouvida e tirada do prejuízo”, completou.
“O servidor já está arrastando esse cadáver da saúde pública do DF há muito tempo. Então o trabalhador precisa deixar de ser culpado por tudo e o governo, juntamente ao Conselho e agora os superintendentes precisam perceber que se do lado daí tem gente que está disposta a mudar a saúde, do lado de cá tem pessoas que já estão tentando fazer isso há anos” — Marli Rodrigues.
Abono da greve
Como tem feito sempre que há oportunidade de encontro com Gondim, a direção não poupou esforços para exigir o tratamento isonômico em relação ao ponto dos dias da última greve, em outubro passado. “Eu já nem falo mais em pagar essas horas, e sim no abono do ponto. Os odontólogos tiveram o abono, o que caracterizou um tratamento diferenciado com as demais categorias. Já fizemos apelamos ao secretário, que declarou seu apoio, mas logo o Forponto estará cobrando esses dias, pois o prazo para regularizar isso já está vencendo. Falta o governo tomar uma atitude”, alertou a presidente do SindSaúde. “Se o governo negociou e abonou com os odontólogos, que também tiveram a greve decretada ilegal, tem que fazer o mesmo para todos os outros. Inclusive, não pode cortar os dias dos médicos. Que se negocie igualmente, pois se esse cenário atual se concretizar, será a primeira vez na história de Brasília que esse tipo de discriminação ocorrerá, o que pode prejudicar até mesmo aposentadoria de muita gente”, completou o diretor Agamenon Torres.
Gondim tranquilizou os sindicalistas presentes. “Com a seriedade que o caso requer, acredito que isso seguirá o caminho sem maiores dificuldades”, disse.
Horas extras a caminho
O governo afirmou que, para resolver o impasse das horas extras, pretende convocar servidores, tanto na contratação quanto na ampliação para 40 horas. “Temos vários servidores que fizeram o pedido e estão esperando. Nós não conseguimos compreender por que tanta dificuldade já que a ampliação de carga horária é mais econômica para o Estado do que pagar hora extra”, indignou-se Marli. O secretário prometeu contratar mais servidores. “Não são só esses 1.450 que chamamos, já pedimos autorização para mais gente nos próximos dois meses”, garantiu.
Repúdio ao cancelamento da reunião do GT
A presidente repudiou ainda o cancelamento da reunião do grupo de trabalho dos servidores que se reuniria nesta terça-feira (19) com representantes da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais, das secretarias de Fazenda, de Planejamento, Orçamento e Gestão e da Procuradoria Geral do Distrito Federal. “O GT por si só já é uma enrolação, afinal, quem quer resolver algo vai lá e faz, não cria um grupo de trabalho. E quando essa reunião é sempre desmarcada, aumenta o descrédito”, criticou.