A empresa Intensicare afirmou à reportagem do SindSaúde que já tinha notificado a SES sobre o desligamento dos monitores e parte da estrutura da UTI Pediátrica do Hospital de Santa Maria. Os profissionais terceirizados também encerraram o atendimento nesta terça-feira (7). Sem qualquer aviso da Secretaria de Saúde do DF, mães dos pacientes e servidores da unidade se desesperaram ao ver as crianças sendo transferidas para outras unidades ou até sendo levadas para a enfermaria do HRSM sem mesmo ter alta.
“Tiraram o restinho de perspectiva de vida que meu filho tinha que era um monitor onde eu via que ele estava respirando e que o coraçãozinho dele estava batendo.”, lamenta Gleiciane, mãe de uma criança internada há dois anos.
A vida das crianças e o sofrimento das mães, no entanto, parecem não ser um problema a ser resolvido pela SES na gestão de Rodrigo Rollemberg. A nota oficial da empresa diz que vários comunidados foram emitidos para que houvesse uma transição tranquila da entrega dos serviços, mas nenhum foi respondido.
Segundo a Intensicare, o encerramento do contrato se dá por conta dos sucessivos atrasos de pagamento. “A dívida da Secretaria de Saúde com a Intensicare chegou a patamares nunca antes atingidos nestes quase nove anos de relação de prestação de serviços…”, diz ofício da empresa enviado à SES em 18 de julho de 2018.
Em 19 de julho, houve reunião da empresa com representantes da SES no gabinete do secretário Humberto Fonseca. Participaram do encontro a subsecretária, o secretário-adjunto de Gestão, o diretor do Fundo de Saúde do DF e o assessor Jurídico Legislativo da SES.
Na ocasião, a empresa avisou que a equipe lotada na UTI Pediátrica do HRSM estava cumprindo aviso prévio até dia 6 de agosto. Ficou acordado que a secretaria deveria assumir o serviço a partir desta data, mas nada foi feito.
“O que o Governo do Distrito Federal e a Secretaria de Saúde estão fazendo é homicídio. Eles já sabiam que a empresa terceirizada iria parar o atendimento no Hospital de Santa Maria desde maio e não fizeram nada. Essas crianças correm risco de morte e essas mães não sabem o que fazer. Uma vergonha e uma falta de sensibilidade humana, o mínimo de respeito com a dignidade destes pacientes”, critica a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.
O Departamento Jurídico do SindSaúde entrará com ação na justiça pedindo o afastamento do Secreário de Saúde, Humberto Fonseca, e do Governador Rodrigo Rollemberg.
A usuária Gleiciane, mãe do João Davi, que está internado há 2 anos no HRSM, questiona a retirada dos monitores, aparelho fundamental para o monitoramento da frequência cardíaca dos pequenos pacientes. Segundo ela, os acompanhantes não foram comunicados sobre a retirada das crianças para enfermarias comuns. Muito abalada, Gleiciane suplica ao governador Rollemberg e ao secretário de Saúde, Humberto Fonseca, que se coloquem no lugar destas crianças que estão jogadas em cima de uma cama, sem sequer uma monitorização, algo indispensável para pacientes em condição de UTI.