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quinta-feira, 18 abril, 2024

DESESPERO DE MÃES: Saúde desmonta metade dos leitos da UTI Pediátrica de Santa Maria

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SindSaúde DF
SindSaúde DF
Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Distrito Federal

Falta de médicos é possível causa da medida absurda. Crianças são retiradas da UTI e levadas até para enfermarias

Servidores e mães foram surpreendidos, nesta terça-feira (7), por volta das 12h, no Pronto Atendimento Infantil do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) com o fechamento de 10 dos 21 leitos de UTI Pediátrica. A medida, segundo servidores, não foi avisada e os leitos desmontados são os terceirizados com a empresa Intensicare. Seis crianças foram removidas para outras unidades e até mesmo para enfermarias. A UTI foi transformada em unidade semi-intensiva. Sem aviso prévio aos funcionários, equipamentos de monitoramento e ventilação foram retirados dos leitos. Pacientes que estavam sob os cuidados de uma UTI, de repente viram pacientes de semi-intensiva, sem monitorização.

“O Governo do Distrito Federal simplesmente acabou com a UTI pediátrica do HRSM”, disse uma servidora. Emocionada, ela relata o caos que se instaura no hospital nesta terça-feira: “As mães todas chorando, a equipe também. E nós não podemos fazer nada, só estamos vendo.” Segundo a servidora, o cenário é de filme de terror, ninguém sabe exatamente o que está acontecendo.

A usuária Gleiciane, mãe do João Davi, que está internado há 2 anos no HRSM, questiona a retirada dos monitores, aparelho fundamental para o monitoramento da frequência cardíaca dos pequenos pacientes. Segundo ela, os acompanhantes não foram comunicados sobre a retirada das crianças para enfermarias comuns. Muito abalada, Gleiciane suplica ao governador Rollemberg e ao secretário de Saúde, Humberto Fonseca, que se coloquem no lugar destas crianças que estão jogadas em cima de uma cama, sem sequer uma monitorização, algo indispensável para pacientes em condição de UTI.

“Não tem uma sonda para aspirar meu filho e agora tiraram o restinho de perspectiva de vida que ele tinha que era um monitor onde eu via que ele estava respirando e que o coraçãozinho dele estava batendo.”, lamenta a mãe.

https://www.youtube.com/watch?v=nnMsO8cm6_M

Michele, mãe da Maria Luíza que está há 6 anos na UTI conta que enquanto tiravam os equipamentos do leito da filha foi avisada que não havia necessidade da criança continuar com os aparelhos. Segundo ela, durante 6 anos era indispensável o uso e de forma inesperada não era mais. Para a mãe a medida ríspida do Governo é unicamente para cortar gastos, mesmo que a preço da vida das crianças. Denuncia a mãe, “Aqui dentro é uma luta diária, não tem remédio e a gente precisa comprar, temos gastos com tudo.” Michele teme pela vida da filha que depende da UTI para sobreviver desde 2012.

https://www.youtube.com/watch?v=qhJeyahI7jA 

Vítima de uma asfixia grave, consequência de uma pneumonia, o paciente de 5 meses de idade depende do ventilador pulmonar para continuar respirando. A Mãe Raquel Marques tem medo que assim como os monitores foram desligados, também os ventiladores sejam. “Se tirarem os ventiladores ele morre e daí quem vai se responsabilizar por isso tudo? Eu tenho certeza que se fosse alguém da família dele (Governador) não estaria aqui passando o que a gente está passando.” Indignada ela convida o GDF e a SES a se colocar no lugar da dor das mães que não sabem mais o futuro de seus filhos na UTI.

https://www.youtube.com/watch?v=JMNIDmG-65c 

Um médico, que preferiu não se identificar, informou à nossa equipe, às 14h, que recebeu a ordem de religar os aparelhos das crianças que continuam na UTI, porém os que foram removidos para enfermarias continuarão sem o devido atendimento. Questionado sobre a origem desta decisão, ele não soube informar. Além disso, afirmou que será preciso fazer um estudo de cada caso para saber sobre a necessidade do funcionamento dos equipamentos. 

“É revoltante ver o que os senhores Rollemberg e Humberto Fonseca deixam acontecer com essas crianças. Um paciente que deixa de ser monitorado pode até morrer. Quando criticamos e falamos que esse governo é de abanono, incompetência e morte, não estamos fazendo frases de efeito. Estamos falando da realidade dos pacientes todos os dias nas unidades de Saúde do DF. CHEGA DE ROLLEMBERG. CHEGA DE SOFRIMENTO PARA A POPULAÇÃO E PARA OS SERVIDORES. O POVO ESTÁ CANSADO. CHEGA DE MORTES”, critica a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.

Junto com os pacientes, equipamentos também estavam sendo retirados do hospital e levados para outras localidades. Ou seja, estes leitos ficariam vazios e inoperantes. Esta UTI é terceirizada, ela funciona dentro do HRSM, mas com parte da equipe contratada pela Intensecare, empresa responsável pela gestão de UTI no Hospital Regional de Santa Maria desde 2009. O espaço é da Secretaria de Saúde.

A empresa Intensicare afirmou à reportagem do SindSaúde que já tinha notificado a SES sobre o desligamento dos monitores e parte da estrutura da UTI Pediátrica do Hospital de Santa Maria. Os profissionais terceirizados também encerraram o atendimento nesta terça-feira (7). Apesar de comunicada, a Secretaria de Saúde do DF, não repassou a informação aos servidores e mães dos pacientes, gerando um verdadeiro caos no atendimento da unidade.

Segundo a Intensicare, o encerramento do contrato se dá por conta dos sucessivos atrasos de pagamento. “A dívida da Secretaria de Saúde com a Intensicare chegou a patamares nunca antes atingidos nestes quase nove anos de relação de prestação de serviços…”, diz ofício da empresa enviado à SES em 18 de julho de 2018.

Procurada, a Secretaria de Saúde ainda não respondeu sobre a situação. 

Aguarde mais informações.

 

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