Diário Oficial publicado nesta terça (9) institui prazo para que médicos tenham suas especificidades alteradas para a Saúde da família, desabastecendo a rede de pediatras, ginecologistas e clínicos gerais.
O projeto de conversão da Atenção Primária em Estratégia da Saúde da Família (ESF) teve mais uma etapa nesta terça-feira (9) com a instituição do prazo de trinta dias para que os médicos que passaram pelo Converte — capacitação implementada pelo GDF para que os profissionais tenham suas especialidades adaptadas para o programa —, em novembro do ano passado, passem a atuar com as novas demandas do ESF.
Na prática, em um mês, a rede pública de Saúde do Distrito Federal, já tão defasada, perderá profissionais da pediatria, ginecologia e clínica geral. “Servidores capacitados serão desviados de função para atender a esse programa que está sendo implementado sem qualquer responsabilidade, por puro capricho de Rollemberg. Onde já se viu descobrir um santo para cobrir outro? Isso não pode ser chamado de projeto sério”, classifica a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.
Críticas da própria categoria
O Converte tem sido amplamente criticado pelo SindSaúde e profissionais. “Na Regional do Gama perdeu-se toda a referência pediátrica. Todas as crianças do Gama e de Santa Maria estão sem atendimento”, contou a pediatra Elvira Lúcia de Faria Macêdo, da atenção primária do Gama, durante audiência pública para discutir a mudança, realizada em dezembro na Câmara Legislativa (CLDF).
Além de retirar as especialidades a qual cada médico estudou e trabalhou por anos, a capacitação busca, em apenas dois meses, reprogramar todo o atendimento do servidor aos pacientes. A pediatra exemplificou ainda na ocasião que muitos profissionais têm buscado apoio jurídico, pois não se sentem aptos a atenderem determinados tipos de pacientes.