Quem planejou viajar e comprou passagem para retornar na segunda-feira (20) vai ter que desmarcar tudo e amargar o prejuízo. O decreto publicado em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) excluiu todos os servidores da Saúde do ponto facultativo do Dia da Consciência Negra. A justificativa foi “garantir a prestação ininterrupta dos serviços” aos cidadãos.
“Que o Governo do Distrito Federal não costuma estender, aos servidores da Saúde, benefícios concedidos a outros setores, isso já é de conhecimento público. Mas, desta vez, o GDF foi além. Frustrou, em cima da hora, a expectativa dos servidores de áreas administrativas da Saúde que programaram um descanso mais do que merecido”, lamenta a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues. “Essa é mais uma demonstração de desapreço a categorias que estão fortemente sobrecarregadas e trabalham sob uma pressão cada vez maior. O que nos revolta é o tratamento diferenciado e a queima roupa”, complementa Marli.
A presidente do SindSaúde lembra que o descontentamento com a medida adotada nesta sexta-feira não parte de servidores responsáveis pelos atendimentos de urgência e emergência. “Nesse caso, embora haja inúmeros outros motivos para frustração, é sabido que a missão de servir à sociedade abrange domingos, Natal, Ano Novo e todos os outros feriados, seja qual for o horário”, recorda Marli. “Já no ‘administrativo’, não há justificativa para tal medida, até mesmo porque os servidores dessa área tiveram exatamente dez meses para organizar seus setores de modo a não haver desassistência à população em razão do ponto facultativo do Dia da Consciência Negra”, acrescenta a presidente do SindSaúde.
O período de dez meses mencionado por Marli se refere ao Decreto nº 44.145, de 19 de janeiro de 2023. Foi nesse dia que o GDF implementou o ponto facultativo do Dia da Consciência Negra (20/11) para os servidores administrativos da Saúde. A partir de então, todos contavam com a oportunidade de descansar e viajar entre os dias 17 e 20 de novembro de 2023. “Se a exclusão do ponto facultativo tivesse ocorrido alguns dias atrás, haveria mais tempo para remarcações. A frustração, ainda que grande, poderia ser amenizada. Entretanto, o GDF preferiu tomar a decisão no último momento. Se não foi intencional, foi, no mínimo, uma enorme falta de sensibilidade”, protesta Marli.
“Em uma época de passagens caríssimas e salários defasados, o planejamento com bastante antecedência é fundamental para que esse curto momento de descompressão seja devidamente desfrutado. A secretária de Saúde certamente foi consultada e, infelizmente, permitiu que isso ocorresse. Para nós, não há dúvidas de que houve a anuência dela e de seus assessores”, salienta Marli. “Os servidores da Saúde merecem esse descanso. O governo precisa entender que não está lidando com máquinas. São seres humanos, que enfrentam diariamente a sobrecarga de trabalho, a defasagem salarial, o endividamento e, em muitos casos, a depressão decorrente das péssimas condições de trabalho”, conclui a presidente do SindSaúde.