Os altos índices de afastamento de trabalhadores no Distrito Federal devido a transtornos mentais têm gerado ainda mais preocupações na gestão da saúde pública da Capital. Recentemente, um estudo revelou que, em 2024, o número de licenças de trabalho chegou a 14.049 na Capital, com a ansiedade e a depressão liderando as causas, marcando o maior número em 10 anos.
Esse cenário levanta questionamentos sobre a aplicação efetiva das Normas Regulamentadoras, especialmente a NR1, que estabelece diretrizes essenciais para garantir a segurança e saúde no ambiente de trabalho. As novas normas de saúde e segurança no trabalho agora destacam a saúde mental dos colaboradores. A partir de maio de 2025, as empresas serão obrigadas a implementar medidas para identificar e gerenciar os riscos psicossociais, fatores invisíveis que, ao longo do tempo, podem impactar o desempenho e o bem-estar das equipes.
A situação também leva a refletir sobre o elevado número de denúncias por parte dos trabalhadores do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). Caso as leis sejam cumpridas com a devida seriedade e rigor, o Iges poderia se tornar o “campeão” de multas, considerando o número de falhas na gestão de saúde e segurança no trabalho.
Segundo depoimentos de trabalhadores de diferentes setores, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) de Planaltina, a nova gestão tem adotado atitudes arbitrárias e abusivas em relação à equipe da unidade. Em um dos relatos, um colaborador conta que teve seu abono de aniversário negado três vezes, sem nenhuma justificativa plausível. Em outro caso, um profissional descreve como foi ridicularizado e exposto diante dos colegas de setor ao tentar explicar as necessidades da equipe. Ele conta que, a partir do ocorrido, surgiram sintomas agudos de ansiedade e síndrome do pânico.
“Solicitei o meu abono, um direito meu, e foi negado. Apresentei a escala mostrando que eu poderia tirar o abono, já que o quadro de funcionários estava completo, logo, não haveria desfalque na equipe. Fiz uma nova solicitação, inclusive alterando a data, mas ainda assim foi negado. Meu pedido foi negado três vezes, sem que fosse apresentada uma justificativa concreta,” relata.
Em outro depoimento, o colaborador relata que foi a partir de um episódio envolvendo a então gestora, que começou a sofrer com crises de pânico e ansiedade. “Assim que a atual gestão assumiu, percebi que estava um pouco desorientada. Então, expliquei como funcionava o meu setor e suas necessidades. Ela se mostrou resistente e fez mudanças que prejudicaram o funcionamento da unidade. Quando tentei explicar novamente, fui ignorada e chamada à atenção de forma injusta e arbitrária, na frente dos meus colegas de trabalho. Desde então, passei a apresentar sintomas de crises de pânico e ansiedade”, conta.
Além disso, os relatos mencionam ‘grosseria, arrogância e intimidação’ por parte da gestora contra os colegas de trabalho. Os funcionários que foram ouvidos afirmam que as reclamações já foram registradas na ouvidoria do Iges- DF, mas até agora nenhuma providência foi tomada pelo instituto.
O SindSaúde deixa claro seu compromisso de encaminhar cada denúncia e ação abusiva ao Ministério do Trabalho.