Foi iniciada uma audiência pública para discutir a implementação de uma Parceria Público-Privada (PPP) na gestão dos laboratórios da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. A aceleração da terceirização é cada vez mais visível, o que se desenha é um processo de sucateamento das unidades públicas, tornando a terceirização a solução “mais fácil” e conveniente, mas longe de ser a mais eficiente ou justa para a população.
O projeto de privatização, que prevê a concessão por 20 anos dos serviços de diagnóstico por imagem da SES através de uma PPP, representa mais um passo rumo à entrega do patrimônio público à iniciativa privada. Exames essenciais como radiologia, mamografia, tomografia, ressonância magnética e ultrassonografia serão privatizados, deixando a saúde pública ainda mais à mercê de interesses privados. Além disso, a empresa escolhida será responsável por elaborar projetos, executar obras e adquirir os equipamentos, consolidando um modelo que coloca a saúde pública em segundo plano, priorizando lucros em detrimento do bem-estar da população.
O que a população enfrenta todos os dias é um sistema de saúde pública em colapso, com uma escassez alarmante de profissionais e uma grave falta de mão de obra qualificada. Mesmo diante dessa situação, o IGES ainda não demonstrou eficiência, com pacientes sofrendo longas esperas por atendimento e, frequentemente, sendo encaminhados de volta à SES ou, em casos mais trágicos, tendo suas vidas ceifadas. Um exemplo disso foi o caso de Enzo Gabriel , que faleceu após esperar 12 horas por uma ambulância – apenas uma das muitas tragédias ocorridas no ano passado. Em apenas um mês, quatro vidas foram perdidas – dois bebês e duas crianças nos hospitais do DF. Esses episódios expõem o caos da saúde pública, que continua a colocar vidas em risco devido à falta de infraestrutura e recursos essenciais.
Com um orçamento de quase treze bilhões de reais destinados à saúde, o Distrito Federal possui recursos superiores aos de muitos estados da federação. Isso levanta sérias dúvidas sobre a verdadeira necessidade de privatizar serviços essenciais para a população. Saúde não é mercadoria! Servidores públicos destacam que, em vez de optar pela terceirização, a solução seria a nomeação de servidores efetivos, garantindo a continuidade e a qualidade dos serviços prestados. A mobilização contra a privatização dos laboratórios e em defesa da valorização dos servidores só cresce, e o recado é claro: qualquer retrocesso será enfrentado com força. Ninguém vai permitir que a saúde pública seja tratada como um produto a ser vendido.