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Doentes, servidores da Saúde faltaram a 1,5 milhão de dias nos últimos 3 anos

Doentes, servidores da Saúde faltaram a 1,5 milhão de dias nos últimos 3 anos

14 Set 2018

Transtornos psicológicos e mentais estão entre os principais motivos de afastamento

Os servidores públicos da Saúde do Distrito Federal estão cada dia mais doentes. Entre 2015 e 2017, 40 mil profissionais foram afastados do trabalho por problemas de saúde e doença. Somados os dias que todos passaram longe da função, o número chega a mais de 4,3 mil anos.

Foram exatamente 1.581.554 dias de afastamento ao todo, nos últimos 3 anos, referentes a 40.048 servidores. A maioria esmagadora dos afastados é mulher, cerca de 80% do total. Entre os motivos que mais afastam os profissionais da Saúde do trabalho estão os transtornos psicológicos e mentais.

Os dados são da Secretaria de Saúde e foram enviados ao SindSaúde após solicitação por meio da Lei de Acesso à Informação.

Saúde mental

Segundo a especialista em Saúde Mental e professora da Universidade de Brasília (UnB), Priscila da Silva Antônio “é difícil precisar a causa de uma patologia”, como a depressão. No entanto, profissionais que desencadeiam doenças psicológicas, algumas vezes, podem estar insatisfeitos tanto no ambiente de trabalho, como na vida pessoal.

Para ela, colabora com o agravamento do caso a falta de apoio por parte dos empregadores. “A pessoa não tem reconhecimento no trabalho e isso gera um sofrimento muito grande”, afirma a acadêmica.

A servidora Rita*, de 54 anos, conta que, para o servidor, ficar afastado é o pior pesadelo. “Já fiquei afastada por depressão. Eu não me sentia mais viva como gente. Eu comecei a me fechar dentro de quarto, não queria mais trabalhar e sofria, a pressão começou a subir muito rápido. Cheguei a ter picos de pressão”, relata. Ela acabou sofrendo também um enfarto e nunca se recuperou.

Cuidado

A presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues, lembra que o Governo do Distrito Federal ignora a grave situação dos servidores. “Estamos no mês de combate ao suicídio. É muito bonito colocar os prédios amarelos e dizer que está preocupado, mas o que importa de verdade é olhar para o servidor e propor soluções”, aponta.

O SindSaúde-DF também entrou na campanha para discussão do suicídio e para a prevenção de todos os tipos de doenças. No Seminário do sindicato, realizado nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, a presidente apresentou aos candidatos ao governo do DF uma sugestão para que o governo crie o Hospital do Servidor Público do DF. Os políticos assinaram compromisso público de apoiar a iniciativa e criar o hospital como política de governo. “Já perdemos tantos colegas para a depressão, queremos ajudar a cuidar de quem cuida da gente todos os dias”, completa Marli.

* nome fictício