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quinta-feira, 18 abril, 2024

No mês da Mulher, temos o que comemorar?

A violência doméstica e os assassinatos de mulheres, vítimas de seus companheiros, imprimem uma triste estatística do nosso país. O DF não foge à regra, infelizmente.

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Em menos de três meses, oito mulheres tiveram suas vidas ceifadas por seus ex ou atuais companheiros no DF. O número ultrapassa os anos de 2020, 2021 e 2022, no mesmo período.

Fernanda, Mirian, Jeane, Giovana, Izabel, Simone, Letícia e Rayane perderam suas vidas para a covardia masculina.

Todas as histórias parecem sair de um filme de terror. As denúncias aos órgãos públicos até chegam, mas não garantem, muitas vezes, que o crime deixará de acontecer.

Em paralelo ao poderes públicos, como a Delegacia da Mulher, a ajuda pode vir da denúncia de vizinhos ou familiares.

A vítima Letícia Barbosa Mariano, de 25 anos, foi assinada pelo namorado Guilherme Nascimento Pereira, de 29 anos. A jovem foi espancada até a morte dentro de um banheiro, no Setor de Indústrias Gráficas de Taguatinga, no dia 2 de março.   Letícia pediu ajuda, gritou por socorro, mas ninguém apareceu. Após sua morte, vizinhos disseram à imprensa que chegaram a ouvir os gritos, mas preferiram não se meter.

“Essa história de que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher é o que está levando a esse crescente número de feminicídios. Ouviu gritos de socorro, suspeitou de que algo está errado, tem que chamar a polícia. Se a viatura demorar, tem que começar a gritar na janela, na rua. Tem que fazer alguma coisa. O que não dá é no outro dia se deparar com um assassinato e saber que aquela pessoa, que aquela mulher, poderia ter sido salva”, argumenta Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde.

De acordo com reportagem do Metrópoles, Letícia já havia denunciado às autoridades sobre a violência que estava sofrendo.

Metrópoles teve acesso a detalhes de uma denúncia registrada pela vítima, em 17 de setembro do ano passado, contra o namorado. Na ocasião, a vítima alegou que namorou o autor por cerca de cinco anos e terminou o relacionamento em junho de 2022.

A jovem também revelou que o companheiro sempre apresentou comportamento violento e que chegou a ser agredida física e moralmente por ele. Guilherme, inclusive, chegou a reclamar da “roupa curta” de Letícia.

À época, a vítima procurou ajuda das autoridades contra o agressor. A delegada responsável pelo caso pediu a prisão preventiva do suspeito, mas o Ministério Público entendeu que não havia requisito para a prisão – e a Justiça indeferiu o pedido.

Na decisão obtida pelo Metrópoles, a juíza do 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Ceilândia diz que não há informações de que Guilherme teria descumprido medidas de proteção anteriormente pedidas por Letícia e, portanto, não havia necessidade de “custódia cautelar”.

As vítimas dessa violenta estatística no DF

Fernanda Letícia da Silva (27 anos). O primeiro feminicídio de 2023 ocorreu em 1º de janeiro. Fernanda foi asfixiada pelo namorado Maxwel Lucas Rômulo Pereira de Oliveira, 32, na QNP 17, em Ceilândia.

Mirian Alves Nunes (26 anos). A segunda vítima do ano foi a cabeleireira Mirian, assassinada em 2 de janeiro, ao ser enforcada pelo marido, André Muniz, 52, dentro de casa, em Ceilândia.

Jeane Sena da Cunha (42 anos). A terceira vítima foi assassinada em 17 de janeiro pelo companheiro João Inácio dos Santos (54 anos), que disparou um tiro de espingarda contra Jeane e depois tirou a própria vida. O crime foi no Setor de Mansões Park Way.

Giovana Camilly Evaristo Carvalho (20 anos). A quarta vítima morreu após levar dois tiros no rosto disparados por Wellingnton. O crime ocorreu na QNN 20 de Ceilândia Sul.

Izabel Aparecida Guimarães de Sousa (36 anos). A quinta vítima morreu em 4 de fevereiro, assassinada pelo companheiro Paulo Roberto Moreira Soares, que deu um tiro na testa dela. O caso ocorreu em Ceilândia. Ele tem registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).

Simone Sampaio de Melo (40 anos). A vítima morava no Setor Central do Gama. O suspeito é João Alves Catarina Neto, 45, ex-marido dela, preso em flagrante logo após o crime.

Letícia Barbosa Mariano (25). A jovem foi a sétima vítima foi assassinada em 2 de março, espancada até a morte pelo companheiro Guilherme Nascimento (29 anos). O crime ocorreu no Setor de Indústrias Gráficas, em Taguatinga.25, O assassino confessou o crime após o pai e fugiu após cometer o feminicídio.

Rayane Ferreira de Jesus (18 anos). A oitava vítima foi assassinada em 2 de março pelo ex-companheiro Jobervan Júnio Lopes Lima. O casal estava separado esde novembro de 2022. O crime ocorreu no Caub 1, no Riacho Fundo. O assassino fugiu com o filho do casal, um bebê de 1 ano que ainda era amamentado pela mãe, e com o celular da vítima.

” É triste elencar por nomes as vítimas. Até quando iremos nos deparar com esses assassinatos? O mundo evoluiu, a medicina evoluiu, mas parece que a humanidade está andando para trás. É preciso cuidar da saúde mental da humanidade”, questiona Marli Rodrigues.

Onde denunciar:

Quatro meios para recebimento de denúncias são disponibilizados pela PCDF: a denúncia on-line, o telefone 197 Opção 0 (zero), o e-mail [email protected] e o WhatsApp (61) 98626-1197. A PM também se coloca à disposição pelo 190.

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