O Governo do Distrito Federal voltou a mirar nos servidores para cobrir o rombo previdenciário. A Câmara Legislativa aprovou um projeto que autoriza o GDF a utilizar até 100% dos rendimentos do Fundo Garantidor da Previdência para pagar aposentadorias e pensões — uma medida que, na prática, tira recursos do futuro dos trabalhadores para resolver um problema criado pela má gestão do presente.
De acordo com o governo, a manobra é necessária para garantir o pagamento dos inativos e equilibrar as contas do IPREV. Mas, na visão do SindSaúde-DF, a decisão coloca em risco a sustentabilidade do sistema previdenciário e abre caminho para que o custo da crise volte a recair — mais uma vez — sobre os ombros de quem menos tem culpa: os servidores da saúde.
Além do uso dos rendimentos do fundo, o IPREV propôs uma alíquota extraordinária patronal (ou seja, uma taxa cobrada dos órgãos públicos sobre a folha de pagamento dos servidores) que atingirá diretamente áreas essenciais, como Saúde e Educação. A proposta prevê o aumento da contribuição dos órgãos públicos para cobrir o déficit previdenciário, o que, na prática, pressiona ainda mais os orçamentos das secretarias.
Na saúde, isso significa menos recursos disponíveis para reajustes salariais, novas contratações e melhorias nas condições de trabalho. Mais uma vez, o servidor é quem paga a conta da má administração dos recursos públicos.
Desde fevereiro de 2025, o IPREV passou a centralizar a gestão das aposentadorias e pensões dos servidores públicos — antes distribuída entre as secretarias. Embora o governo afirme que a medida trará mais eficiência, o que se vê na prática é insegurança e preocupação entre os trabalhadores, especialmente na saúde, onde o número de servidores prestes a se aposentar é alto. Essa mudança pode aumentar a burocracia e atrasar processos, prejudicando os servidores que já esperam há anos para conquistar o direito à aposentadoria.
O sindicato reafirma sua posição contrária a qualquer medida que coloque o servidor para pagar a conta da má gestão previdenciária. Os trabalhadores da saúde já convivem com salários defasados, sobrecarga de trabalho e falta de reconhecimento. Agora, correm o risco de serem prejudicados também no momento mais sensível da carreira — a aposentadoria.
O SindSaúde-DF seguirá vigilante e mobilizado. Cada tentativa de mexer na previdência será denunciada e combatida. A aposentadoria é um direito — não um privilégio, nem uma moeda de ajuste de contas do governo.




