Há poucas agendas para o exame que detecta o câncer de mama, equipamentos quebrados e faltam profissionais
A atual gestão da Secretaria de Saúde do Distrito Federal encerrou 2017 com a metade do desejado no que diz respeito à realização de mamografias oferecidas pela rede pública do DF, segundo relatório do próprio GDF. A SES mede o oferecimento do exame a partir de um indicador de desempenho que quanto maior melhor é o resultado. O órgão desejava obter um índice de 0,10. No entanto, terminou o ano passado com o índice de 0,05.
Em 2016, o resultado alcançado foi ainda mais desastroso. Nesse período, o governo conseguiu o índice de 0,03, sendo que o desejado era de 0,22.
No documento, a SES afirma que “a falta de manutenção dos mamógrafos tem sido apontado pela área técnica como fator crítico de sucesso, além da falta de profissionais para operar os existentes (médicos radiologistas e técnicos). Poucas agendas são abertas para exames de mamografias, o que dificulta ainda mais a oferta”.
Os dados constam no documento “Avaliação do Plano Plurianual PPA 2016 – 2019”, que ajuda o governo a estabelecer políticas públicas para os próximos anos nas mais variadas áreas. O levantamento das mamografias contempla mulheres entre 50 e 69 anos.
As informações contrapõem a grande “conquista” anunciada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) que, em abril de 2017, afirmou ter zerado a fila de mamografia no DF.
Neste mês é comemorado o Outubro Rosa, data mundial sobre a conscientização do diagnóstico precoce do câncer de mama, mas, pelo visto, nada mudou para as moradoras do DF.
Há duas semanas, o SindSaúde noticiou o descaso do atual governo com a saúde da mulher. Desde o início do ano, o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) não realiza mamografia e o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), neste mês, suspendeu o exame por conta da troca do equipamento.
Prevenção
Em relação à realização dos exames cipatológicos (procedimento que estuda as células do colo do útero) em mulheres de 25 a 64 anos, os números apresentados no documento também são preocupantes. No ano passado, a Secretaria de Saúde tinha a expectativa de alcançar o índice de 0,32, mas conseguiu o resultado de 0,19. Em 2016, a pasta de Saúde conseguiu o índice de 0,18, sendo que o desejado era 0,30.
Sobre esses dados, a Secretaria diz no documento que “embora tenha alcançado 60% da meta, segundo a área técnica, é necessário qualificar as equipes para o rastreio citológico de qualidade (captação, coleta e laudo), com ênfase na população de risco de 25 a 64 anos”.
Prioridades
Para a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, a gestão de Rollemberg brinca com a saúde da mulher e que o assunto nunca foi prioridade nesse governo. “O governador enche a boca para dizer que zerou a fila de mamografias, mas sempre nos deparamos com mamógrafos quebrados em alguma unidade de Saúde. O diagnóstico tardio do câncer de mama dificulta o tratamento dessa doença que é tão séria”, finaliza.