Governo local não pagou empresa que presta serviço no atendimento do 192 e trabalhadores da terceirizada deixaram seus postos
Por conta de um calote do governo do Distrito Federal à empresa Vanerven Solution, terceirizada que presta o serviço de telefonia ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), diversos servidores públicos estão sendo desviados de suas funções para que o atendimento no 192 não seja interrompido. A reportagem do SindSaúde conversou nesta quinta-feira (21) com uma técnica de enfermagem que afirmou não estar preparada para fazer esse tipo de trabalho.
O atendimento por telefone é realizado Técnicos Auxiliares de Regulação Médica (TARM), profissionais que além do curso técnico de enfermagem precisam ter o devido treinamento para exercer a função.
Os servidores, técnicos de enfermagem, foram convocados, por mensagem de WhatsApp, para deixarem seus postos na viatura e se encaminharem para as centrais de atendimento. Na unidade do Samu em Santa Maria, um técnico de enfermagem de cada viatura foi convocado para a central telefônica.
“Eu me sinto, como trabalhadora, constrangida, porque eu não fui treinada para isso”, diz a técnica de enfermagem ouvida pelo SindSaúde. Segundo ela, a sua “função é atender o paciente, prestar o melhor a ele”. A servidora questiona:“o governo errou em não pagar a empresa e nós que vamos pagar o erro?”
CALOTE
Os trabalhadores da terceirizada que fazem o atendimento por telefone abandonaram os postos de trabalho na madrugada desta sexta-feira. O SindSaúde esteve na central do SAMU no Gama, por volta de 1h, e presenciou o momento em que diversos funcionários da empresa deixaram os postos de trabalho por conta do calote do governo local.
A reportagem entrou em contato com a empresa Vanerven Solution, mas o profissional responsável para responder sobre o caso não foi encontrado.
A Secretaria de Saúde também ainda não comentou a situação envolvendo o serviço de atendimento do Samu.
Outro servidor do SAMU entrevistado pela reportagem diz que até mesmo pessoas com cargo de chefia estão assumindo a função de técnico auxiliar de regulação médica e atendendo o registro de ocorrências no 192.
GESTÃO FALHA
Segundo fontes do SindSaúde, as chefias do Samu informaram aos servidores que a contratação de uma nova empresa está em andamento, no entanto, o processo pode demorar até 30 dias.
Em um grupo de mensagens instantâneas de servidores, chefias falaram sobre a necessidade do socorro por parte dos servidores:
“Precisamos resolver nesse momento de crise… gostaria de saber se posso contar com voluntários para ajudar; acredito que todos entendem que até a contratação, precisamos ajudar de alguma forma… o contrato emergencial está sendo assinado agora, estamos sendo notificados agora do contrato. Mas, até vigorar, precisamos ajudar com a enfermagem! Se for possível, não iremos impor”, diz uma mensagem da gestão.
Os servidores do Samu foram informados ainda que o Corpo de Bombeiros (CBMDF) está disponibilizando dois servidores, por turno, para ajudar no atendimento da central do 192.
“O governador Rodrigo Rollemberg, as vésperas de deixar o Palácio do Buriti, atesta mais uma vez a sua desumanidade. O Samu, como o nome já diz, é um serviço de urgência e não pode ter qualquer etapa do atendimento comprometida”, diz a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.
Para a sindicalista, é preciso uma solução urgente: “Mais pessoas podem morrer à espera de atendimento nesse governo. O servidor jamais vai negar o auxílio em uma ou outra área, mas ele não está preparado para todas as funções. É um desrespeito com o profissional e com a população. Além do mais, a retirada de um técnico na viatura prejudica em muito o atendimento de emergência e urgências no Distrito Federal”, finaliza.
Assista ao vídeo com os depoimentos de servidores e funcionários: