Relatório médico apresentado pelo parlamentar Wellington Luiz mostra que mulher de 74 anos morreu porque equipamentos falharam e faltaram medicamentos
O deputado Wellington Luiz (MDB) denunciou, na tarde desta terça-feira (11), no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a morte de uma paciente de 74 anos dentro do Instituto Hospital de Base, no dia 2 de setembro, por falhas em equipamentos e por falta de medicamentos.
O parlamentar apresentou um relatório da médica que atendeu a paciente e detalhou toda a saga na tentativa de salvar a vida da idosa. “Temos aqui um relato desesperador de uma médica que mostra exatamente como esse governo do DF trata a saúde pública. Um abandono. O que ocorreu com essa paciente foi um crime. Quem não se importa com isso é porque não é sua mãe que estava lá, é que não pensa na população”, afirmou o distrital.
Wellington, que é vice-presidente da Câmara Legislativa, relatou ainda que nem a família da paciente Marcia Aparecida sabia, até o momento, de tudo que ocorreu dentro na unidade. “A família foi comunicada desse crime por esta Casa. E já notificamos o Ministério Público para investigar essa situação”, completou.
Documento
No relatório feito após a morte da paciente, a médica do plantão informa que o primeiro problema surgiu por volta de 7h30 do dia 2 de setembro, quando a paciente apresentou piora e ela não conseguiu contato com o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) para tentar uma angioplastia. Naquele momento ela tentou também a internação na UTI, sem sucesso.
A regulação classificou a paciente como prioridade 2, mesmo com o apelo dela de que o caso era grave. Com uma nova piora do quadro, às 8h30, a profissional entrou em contato novamente com o ICDF e soube de uma vaga existente, repassando a informação para a regulação. Mais uma vez, ela não obteve sucesso em encaminhar a paciente para a UTI.
Ao identificar um derrame, a médica teve problemas também com o acesso na veia da paciente, feito pela equipe de enfermagem. “A medicação não estava sendo administrada”, informa o relatório. Quando, uma hora mais tarde, a paciente relatou nova dor, a médica preparou os equipamentos para fazer um eletrocardiograma e constatou a parada cardíaca.
Neste momento, quando começou a reanimar a paciente, os problemas de infraestrutura aumentaram. “O carrinho de parada não tinha prancha rígida de RCP, o desfribilador não tinha cabo para monitorização por ECG, não tinha gel para as pás e as saídas de vácuo não estavam funcionando. Nem o carro reserva de aspiração estava funcionando”, diz o relatório da médica.
Os problemas apontados, segundo ela, retardaram em 15 minutos o atendimento e, após 35 minutos de procedimento, a paciente não resistiu e morreu.
Deputado barrado
Durante seu pronunciamento, Wellington Luiz também se disse indignado pela repercussão do caso em parte da imprensa do DF. “A imprensa comprada se preocupa mais com o desentendimento de um parlamentar com um segurança do que com a morte de uma paciente. Isso é um absurdo. Estamos falando de algo que ocorre todo dia nos hospitais públicos nessa gestão”, destacou o deputado do MDB.
Para o deputado Raimundo Ribeiro, também do MDB, está claro que a culpa é do governo. “O que ocorreu neste domingo não é culpa do vigilante. Não é o vigilante o problema. A culpa de tudo isso é o governador. E ainda tem essa imprensa que tenta apontar falhas na ação do deputado Wellington. Nossa função é fiscalizar sim. E se proibiram o deputado de entrar, é porque realmente tinham o que esconder.
Em sua fala, o deputado Wasny de Roure (PT) disse que a Mesa Diretora da CLDF deve se pronunciar em defesa do colega. “Ele foi lá na condição de um parlamentar para defender uma vítima de um processo catastrófico que estamos vivendo. É lá no hospital sim que deve estar um parlamentar, em defesa da população”, afirmou.
“Nesses 8 anos de mandato que tenho como deputada distrital usei essa prerrogativa [que o Regimento Interno da CLDF prevê de entrada nos órgãos para fiscalizar] e não foram poucas vezes que fui obstruída de fazer nossa função que é mesmo fiscalizar. Obstruir trabalho de um deputado é ir contra a legislação. O senhor poderia inclusive ter chamado um delegado e eu acho que essa cada tem que tomar todas as providências necessárias”, afirmou a deputada Celina Leão.