Equipes de limpeza foram reduzidas mesmo com aumento no valor de contrato; dispensa de empresa responsável pela coleta do lixo hospitalar também é um problema.
No início da semana, o SindSaúde informou sobre a paralisação nos serviços de limpeza dos hospitais e unidades de saúde ocasionados por dívidas da Secretaria de Saúde com a empresa responsável (clique aqui para conferir). A situação se agravou desde então com o anúncio da mudança nos contratos e a redução do número de auxiliares de higiene.
Três empresas foram contratadas para prestar serviço de limpeza e conservação, como publicado no Diário Oficial de 21 de maio: a Apecê Serviços Gerais LTDA, Dinâmica Administração Serviços e Obras LTDA e Ipanema Empresa de Serviços Gerais e Transporte LTDA.
Confira:
Contrato APECÊ
Contrato DINÂMICA
Contato IPANEMA
A mudança trouxe redução no número de profissionais de limpeza. Segundo informações obtidas pelo SindSaúde, antes, de quatro a seis auxiliares de higiene atuavam nos centros de saúde, de acordo com o tamanho de cada um. Hoje, dois em vez de cinco ou um em vez de quatro. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) também operam com déficit: se anteriormente havia cinco durante o dia e outros quatro à noite, atualmente há apenas dois por período.
A redução ocorreu mesmo com o aumento do valor pago à Ipanema, que já prestava o serviço para a Secretaria de Saúde. No contrato anterior, de 2015, foram destinados R$ 27.491.512,98 para cobrir os gastos da empresa. Hoje, pelo mesmo trabalho prestado, a Ipanema receberá R$ 30.002.859.78.
Confira:
Um despacho destinado à Gerência de Serviços de Atenção Primária Nº 7 de Samambaia (clique aqui para conferir) relata dificuldades devido o déficit de trabalhadores. A equipe de odontologia teria apenas uma funcionária de manutenção e limpeza no momento, o que pode prejudicar serviço como vacina, curativo e medicação, já que as salas precisam de limpeza constante. O documento ressalta ainda que há uma lacuna de 21 horas semanais para cobrir o serviço, necessitando ao menos três profissionais para manter a operacionalidade.
“Hospitais, UPAs e postos de saúde não são hotel onde se pode passar só um pano e álcool de vez em quando. São áreas contaminadas. Salas de vacina, por exemplo, tem que lavar até o teto a cada 15 dias, as de curativo a cada 10 dias, consultórios precisam ser lavados ao menos uma vez por mês com máquina. Impossível apenas uma auxiliar fazer a limpeza e ainda ter que lavar banheiros, chão, retirar lixo… São serviços básicos essenciais que custam vidas”, critica a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.
*Coleta de lixo hospitalar paralisada*
Além disso, a empresa Stericycle, que recolhia o lixo hospitalar, não é mais responsável pelo serviço e retirou no início da semana as bombonas, que armazenam o material descartado, das unidades de saúde.
A transição, no entanto, não tem sido feita de forma correta. A supervisão dos Serviços de Atenção Primária número 1 do Riacho Fundo II, por exemplo, emitiu despacho (clique aqui para conferir) informando à gerência que na UBS da GSAP1 foram retirados todos os materiais e equipamentos da antiga empresa sem nenhuma reposição até o momento. O documento informa que sem as ações de limpeza, a UBS já se encontra insalubre.
A Secretaria de Saúde foi procurada para prestar esclarecimentos, mas até o fechamento desta matéria não retornou ao SindSaúde.