Por Marli Rodrigues
Na era Vargas, o trabalho exercido por “agentes do Estado”, foi oficialmente reconhecido através da promulgação do Decreto 1713 em 28/10/39. Criou-se, a partir daí a figura do “funcionário público”. Em 1943, o Presidente Getúlio decretou que essa data, que seria um marco para a classe trabalhadora, fosse feriado comemorativo.
De lá, para cá, ser “funcionário público”, significou por muito tempo “status quo” diferenciado. Afinal, a segurança do salário, a estabilidade e outros valores agregados à atividade eram atrativos no mercado de trabalho.
No início, a máquina pública era sinônimo de apadrinhamento, cabides de emprego e “trens da alegria”, onde um grupo seleto conseguia entrar, através dos famosos “QI'” (quem indica).
Com a Constituição de 1988, o ingresso no serviço público passou a ser somente através do concurso público. Essa foi uma das maiores conquistas para o Estado. A qualificação passou a ser uma das características essenciais dos quadros no serviço público.
Mudou-se também a concepção de funcionário (aquele(a) que faz algo funcionar) para SERVIDOR (aquele(a) que serve).
A administração pública ganhou com essa exigência do concurso público. Equipes cada vez mais capacitadas e qualificadas se apresentam e tornam o Estado um campo laboral e de produção, de excelência!
Na última década, infelizmente, a desproporção entre a seleção (peneira cada vez mais fina, com maior concorrência nos concursos) e o desmonte do Estado, tem desmotivado os servidores públicos. Muitos não completam sequer o estágio probatório. Pedem exoneração, antes.
A usurpação de direitos e os ataques sofridos feitos pelos governantes e classe política, marginaliza e desqualifica o trabalho realizado pelos servidores, levando-os à depressão, desânimo e em casos extremos à morte.
No Distrito Federal, tal qual no cenário nacional, vivemos a era das trevas do serviço público. Nunca antes, na nossa história passamos por tantas perseguições, humilhações, desrespeito e assédio moral escancarado. Todas as áreas do setor público estão sendo massacradas por Rollemberg. Sem exceção.
Mas, a impressão geral é que o sadismo e a crueldade dele têm um alvo específico: a saúde!
Fomos escolhidos para sermos o “bode expiatório” de todas as mazelas. Somos a justificativa para a sua gestão incompetente.
No entanto, somos também a “galinha dos ovos de ouro” para os diversos contratos emergenciais, compras sem licitação, terceirização e etc. Ficamos 2 anos e meio em Estado de Emergência na saúde. O que mudou? Para o paciente, nada! Aliás, piorou! Mas, para as “tramóias” da gestão, há o relatório das contas do TCDF, aprovadas com ressalva esta semana, onde está demonstrado o aumento absurdo de dinheiro público usado sem observar a lei das licitações. Ou seja, fizeram a farra…
Enquanto isso, para os servidores públicos institucionalizou-se o calote oficial. Leis não cumpridas; execuções judiciais ignoradas e IPREV saqueado.
Nada a comemorar? Depende! Se formos pensar de forma micro, talvez, nos prendamos às lamentações e revolta. Não que elas não sejam legítimas. Elas são, afinal, o grito dos oprimidos que tem que ser dado e ser ouvido.
Porém, os servidores da saúde, tem sim o que comemorar…
Somos fortes, resistentes e conscientes da importância de nosso trabalho. Não importa o que a mídia “comprada” vai divulgar, nem o que o governo tenta, mentirosamente, nos imputar…Nós recebemos a vida em nossas mãos! Ela pulsa em cada atividade que desenvolvemos. Desde o servidor que instrui um processo de aquisição ao que está no centro cirúrgico ou na emergência, todos participamos desse ato grandioso de salvar vidas.
Tantas vezes nos deparamos com a morte e a vencemos! Sem respirador, ambuzamos o paciente; sem o colchão, improvisamos o leito; sem a seringa adequada, usamos a nossa maestria para fazer o melhor, de forma menos traumática com o que temos…Quantas mãos se revezam na massagem cardíaca, enquanto se busca o equipamento para o salvamento… Enfim, a omissão do Estado mata e nós, por compromisso e amor ao nosso trabalho, salvamos… Ou, pelo menos, tentamos…
Nós, não desistimos!
Governos passam! Rollemberg também vai passar… E nós, continuaremos servindo ao público! Somos exemplo para as novas gerações! Exemplo de dedicação, profissionalismo, coragem e luta!
Recuamos algumas vezes, para nos fortalecer e enfrentar novas batalhas… O SindSaúde tem orgulho de representar a classe trabalhadora da saúde. E, nesse dia, parabenizamos cada um de nossos colegas pela excelência no serviço prestado! Servir sempre, ser subserviente, jamais!