Hospital tinha dois técnicos de enfermagem para atender cerca de 60 pacientes neste domingo
Quem passou pelo corredor do Pronto-Socorro do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), neste domingo (19), presenciou uma cena assustadora: um corpo de um paciente ficou no local por mais de quatro horas. O cadáver estava coberto apenas por um lençol. De acordo com servidores da unidade, não havia pessoal suficiente para levar o corpo para a Câmara Mortuária (local para onde cadáveres são transferidos dentro da unidade até a liberação).
Os trabalhadores do HRT informaram que havia apenas dois técnicos de enfermagem responsáveis por aproximadamente 60 pacientes. O SindSaúde sempre denunciou o despreparo e a falta de humanidade da atual gestão da Secretaria de Saúde. Uma análise do Ministério Público do DF (MDFT), divulgado na semana passada, corrobora a incompetência da pasta.
Segundo o órgão fiscalizador, até março deste ano, o órgão dispunha R$ 680 milhões para ser usado no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, foram empenhados apenas R$ 317 milhões, valor 53,4 % menor que o total. O documento do MP afirma que o dinheiro poderia ser usado para serviços assistenciais complementares em saúde, conservação das estruturas físicas, reforma de unidades de atenção especializadas, manutenção de máquinas e equipamentos, aquisição de medicamentos, fornecimento de órteses e próteses, entre outros.
A presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues, afirma que a atual gestão do GDF não sabe priorizar o que é de fato essencial para a população. “Enquanto um corpo fica jogado no corredor de um hospital, um flagrante de desrespeito ao paciente, à família e aos servidores que fazem esforço sobre-humano para salvar vidas, mas, às vezes, perdem a batalha, Rollemberg gasta mais de R$ 5 milhões para usar o helicóptero fazendo politicagem”.
Para a presidente, o governo classificou diversas atividades da saúde como “desnecessárias” e não promoveu mais concurso para cobrir o déficit de pessoal, como é o caso dos padioleiros (responsáveis pela remoção e locomoção dos pacientes nas macas). “Com isso, a Enfermagem fica sobrecarregada e precisa priorizar quem está precisando dos cuidados imediatos. Essa situação é desumana com todos e adoece e mata, inclusive quem trabalha com ela!”.
Questionada sobre a quantidade de profissionais na escala do HRT, neste domingo, a Secretaria de Saúde do DF não respondeu até o fechamento desta reportagem.