Um caso revoltante no interior de São Paulo expôs mais uma vez o descaso com que organizações sociais tratam os pacientes. Uma idosa de 67 anos, vítima de AVC, morreu dentro de uma ambulância enquanto aguardava atendimento no Hospital Regional de Jundiaí. A unidade, que é gerida pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, se negou a prestar socorro à paciente. A Secretaria de Saúde do Estado determinou a abertura de uma sindicância e solicitou esclarecimentos junto à direção do hospital.
“Esse é o perfil de atendimento das OSs, a portas fechadas. Essas organizações vão contra tudo o que prega o SUS e seu modelo de universalista, onde todos são atendidos, não importa em que condições”, pondera a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues.
A situação pode se repetir em Brasília. O Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês é uma das organizações candidatas à gestão da Saúde no DF. A OS está no projeto apresentado no ano passado pelo governador Rodrigo Rollemberg à Câmara Legislativa (CLDF) e já foi denunciada por irregularidades em outras ocasiões no estado de São Paulo.
Em 2013, o então secretário de Saúde de São Paulo, Guido Cerri, foi denunciado por manter cargos importantes em duas organizações sociais, entre elas o Hospital Sírio-Libanês, que após tornar-se OS, obteve contrato com a Secretaria. Além disso, a Folha de São Paulo alertou, no início daquele ano, que a terceirização do Hospital-Geral do Grajaú e do Ambulatório Médico de Especialidades de Interlagos, ambos entregues ao instituto, custaria cerca de R$115 milhões anuais ao governo de São Paulo.
“O Sírio-Libanês é uma verdadeira ‘menina dos olhos’ de Rollemberg. Trazer uma instituição dessas para o Distrito Federal é um risco à vida da população. Lá em São Paulo já causou mortes e aqui não será diferente”, critica Marli.