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sexta-feira, 19 abril, 2024

A culpa é só do governador

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SindSaúde DF
SindSaúde DF
Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Distrito Federal

A entrevista publicada em um jornal de grande circulação de Brasília (CLIQUE AQUI PARA LER) dá a impressão que o gestor da Saúde sabe do que está falando, mas na verdade não passa de um script teatral de um amador que desconhece o palco em que está pisando e nem imagina a sensibilidade do público que o assiste.

Quando ele diz que o objetivo é tornar a atenção primária um “regulador do sistema”, parece uma ideia de sua autoria, entretanto, já está previsto na Lei n°8.080 que a atenção básica é a porta de entrada às ações e aos serviços de saúde. Ou seja, não há novidade nenhuma nesse plano que ele diz ser tão revolucionário.

A irmandade mandou, ele obedece
O secretário é apenas um operador que recebeu a missão da ‘irmandade’ de entregar a saúde às OSs. O grande mistério é o por que, se temos estrutura, pessoal e o governo diz que não tem dinheiro. Seria o pagamento de alguma dívida? Ou então ele se transformou em corretor de OSs?

O secretário dá como bom exemplo as organizações sociais no Rio de Janeiro e em Goiás. Poderíamos citar aqui inúmeras irregularidades envolvendo-as e tantas outras pelo Brasil afora, mas vamos citar apenas alguns exemplos: oito das dez OSs do Rio estão sob investigação da Justiça, cientistas de Harvard e Oxford alertaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) que a Olimpíada deveria ser transferida ou adiada em decorrência da falta de controle sobre o zika vírus e no interior do estado, prefeito e secretários da cidade de Barra Mansa foram afastados pela Justiça por desvio de boa parte dos recursos investidos em remédios da farmácia básica — dos cerca de R$ 2,8 milhões empenhados, apenas R$ 477 mil foram realmente gastos na atenção primária.

Em Aparecida de Goiânia (GO), o governo terá de explicar porque pagou a uma OS, ao longo de quase dois anos, o montante de R$5 milhões pelo funcionamento do Centro de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeq) que sequer foi inaugurado.

O secretário quer trazer para o DF os piores exemplos de gestão em saúde.

O poder do voto
Eleito pela maioria do povo do Distrito Federal, o governador faz pouco caso e até despreza a inteligência dos servidores e da população. Nos bastidores da SES-DF já se sabe sobre as operações envolvendo os ‘guardiões do Buriti’. A façanha cruel de Marcelo ‘Devil’, figura conhecida que saltou de um simples cargo de motorista para uma das mais importantes pastas e que hoje anda cercado de seguranças, revoltou vários funcionários da Secretaria. Imagine a cena: Devil, literalmente, rasgando o empenho do marca-passo. Podemos sentir a dor dos familiares que perderam seus entes pela falta deste material.

Ele é autor de vários esquemas junto com um poderoso que também é da SES-DF e logo virá a tona. Na compra dos kits da dengue o limite de gasto em cada um era de R$22. O real valor do kit foi de R$8, mas exorbitantes R$55 foram gastos por material, somando R$22 milhões de gasto ao final. Já o mistério da TicketCar só mesmo a polícia federal vai conseguir explicar.

E se falarmos dos desvios de dinheiro para honrar compromissos próprios? Enquanto os aposentados mendigavam suas merecidas pecúnias, conquistadas com uma vida inteira de trabalho, os desvios nas fontes 100 e 138 — que destinam o pagamento aos servidores e fornecem recursos para a atenção básica, respectivamente — eram comemorados em uma festinha à surdina, em outro estado. Com o dinheiro que voou para outros bolsos, quem fez mesmo a festa no DF foi o aedes aegypti…

São esses pequenos exemplos que nos mostram o quanto a corrupção pode piorar ainda mais com a contratação de OSs nas mãos de seres gananciosos e sem escrúpulos.

O problema está no comando
Poderíamos fazer nos estender em páginas e mais páginas sobre as declarações do secretário plantonista da Saúde, mas já que a tropa é a cara do comando, vamos direto ao assunto: o governador está de braços cruzados e o secretário posa para fotos falando de um projeto que não é seu, é apenas a lei sendo aplicada de forma terceirizada.

Não é possível que o governador assistirá tudo isso calado, afinal de contas, tem as bênçãos do povo e o voto de confiança para não permitir esse tipo de conduta no governo de Brasília. Ele não pode agir como se tivesse um cheque em branco para gastar em benefícios que não sejam para a população.

Veja o que ele disse na época de campanha:

https://www.youtube.com/watch?v=XuZRMPDPCAA

Como ficam os concursados? Como fica a educação continuada? E a melhoria das condições de trabalho e da gestão? Vai mesmo permitir e patrocinar verdadeiros cabides de emprego nas empresas de amigos, em plena capital da República?

Isso não ficou combinado na eleição. Para seus eleitores, é uma grande decepção. Tudo nos leva a acreditar que o problema não é a falta de dinheiro e nem de gestão, é a falta de um govenador. E não adianta colocar os ‘pistoleiros cibernéticos’ e nem os ‘fantasmas noturnos’ para me assustar. A força está na verdade de quem fala e não no calibre de um armamento bélico.

Marli Rodrigues

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