Brasília, 10 de agosto de 2021, dia em que se tentou regredir e retornar 60 anos de história. A experiência do passado é atraente para os antiquados e atrasados, para os que não conseguem, por meio do diálogo, estabelecer um parâmetro democrático de gestão que ofereça igualdade, competência e responsabilidade.
No mesmo ano que tantas famílias choram seus mortos, os tanques e blindados foram para as ruas da capital da República Federativa do Brasil. A desculpa foi a entrega de um convite, uma mensagem que poderia ser enviada por e-mail, mas todos sabem que ler e responder e-mails não é o forte deste desgoverno. O real motivo é conhecido por todos, uma tentativa horrenda e patética de ameaça e medo. Quando se esgotam as capacidades mentais de força e de espírito de liderança, a busca de demonstração da força física é a saída dos fracos.
Tanques de guerra não vão destruir a democracia do Brasil, nem fragilizar a coragem dos brasileiros. Chegou a hora do Congresso Nacional dizer a que veio, se está ao lado da milícia ou da defesa da soberania, da democracia e do povo. No dia da votação do voto impresso na Câmara, o que já é algo impensável para o momento tecnológico em que se vive, há tanques na rua ao lado do Parlamento. “Triste consciência”, disseram eles. Já bebemos deste fel e sabemos que o gosto é amargo, traiçoeiro e trágico. Nunca mais!
Os velhos e ultrapassados blindados soltando fumaça na Esplanada descrevem o que é o atual desgoverno: antigo e atrasado.
“O Brasil tem um enorme passado pela frente”. A frase do grande Millôr Fernandes é atual, significativa e resume o Brasil de 2021. Manifestante pedindo intervenção militar para perder seu direito de manifestar. Grupos que não conseguem respeitar um decreto de uso de máscaras pedindo AI-5. Pessoas que fogem de blitz saudando as Forças Armadas. Hipocrisia no café, saudosismo ridículo no almoço e incoerência no jantar.
Não haverá mais ‘cale-se’. A democracia é inegociável. Nada poderá abalar o espírito democrático brasileiro, pois é algo genuíno e enraizado no povo deste solo. O desespero bate a porta do palácio, mas não passarão! O próximo desfile na Esplanada é da retirada dos objetos pessoais destes perdedores. Ainda cabe sonhar. Coragem!