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sexta-feira, 19 abril, 2024

Campanha de Rollemberg recebeu doação de empresas que desviaram verbas da Saúde do Amazonas

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SindSaúde DF
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Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Distrito Federal

Três empresas que doaram para a campanha de Rodrigo Rollemberg, em 2014, agora são alvo de investigação da Polícia Federal, que apura desvio de cerca de R$ 112 milhões da Saúde do Amazonas. Deflagrada na terça-feira (20), a operação “Maus Caminhos” apontou um esquema envolvendo uma Organização Social (OS) e as empresas Salvare, Total Saúde e Simea. Juntas, essas mesmas companhias doaram um total de R$ 600 mil para a campanha de Rodrigo Rollemberg ao governo do Distrito Federal. Os valores podem ser checados no site do Tribunal Superior Eleitoral.

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Como informou a reportagem do G1, as investigações constataram que a OS – no caso, o Instituto Novos Caminhos – era utilizada para burlar os procedimentos licitatórios regulares e permitir a contratação das três empresas. Duas delas, a Salvare e a Simea, pertencem ao médico Mouhamad Moustafa, apontado como chefe do esquema. Outra figura central é a empresária Jennifer Naiyara Yochabel Rufino Correa da Silva. Ela é sócia tanto do Instituto Novos Caminhos quanto da Total Saúde, esta última também era controlada por Moustafa por meio de procuração, conforme apurou o G1. A investigação revelou que a OS funcionava nas mesmas instalações das empresas contratadas.

Essa mesma OS quer atuar na saúde do DF. Como informou o Metrópoles, o Instituto Novos Caminhos já havia protocolado um processo de qualificação na Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), em 27 de novembro de 2015 (veja foto abaixo).

Fonte: Reprodução/Metrópoles

Coincidência?

Diante desse escândalo, levantam-se suspeitas sobre as intenções do governador Rodrigo Rollemberg em implementar as OSs para gerir unidades de saúde no Distrito Federal. Para a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues, os nomes de Moustafa e Rollemberg surgirem atrelados não é coincidência. Segundo ela, tudo não passa de jogo de interesses para viabilizar desvios. “O financiamento da campanha deixa claro porque o governo faz tanta questão de implantar as OSs no DF. Estão pagando uma dívida à custa da Saúde! Pior ainda, mostra o tipo de corja que está prestes a se instalar no DF. Vão fazer aqui o mesmo estrago que fizeram lá, e isso o sindicato não irá aceitar de forma alguma”, afirmou Marli.

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral

Coincidência 2?

Para o SindSaúde-DF outro fato que gera desconfiança é a amizade entre o ministro do TCU, Bruno Dantas, e o secretário de Saúde do DF, Humberto Fonseca, revelada pelo Jornal de Brasília. Bruno Dantas foi o relator do acórdão que decidiu, na quarta-feira (21), que a contratação de OSs não precisa atender aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Na prática, isso dá mais liberdade aos governos. O Jornal de Brasília informou que a decisão foi comemorada pelo secretário Humberto Fonseca, que acompanhou a sessão no Tribunal.

Um dia após a decisão do TCU, foi divulgada no DODF a instituição de Comissão Especial, no âmbito da Secretaria de Saúde, para tratar da contratação de OSs. A medida foi vista como atípica para a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, que chamou atenção para o fato da portaria ser do dia 19 de setembro. “Causou-nos estranheza. Em um país marcado pela burocracia, é de se espantar tanta celeridade do GDF para dar andamento à proposta das OSs. E por que essa portaria já estava preparada antes mesmo da decisão do TCU?”, indaga ela.

DODF

Dinheiro da Saúde era usado para bancar vida de luxo

Conforme divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, a PF apurou que o dinheiro desviado proporcionava aos alvos investigados uma vida luxuosa, com a aquisição de bens móveis e imóveis de alto padrão, como mansões, veículos importados e até mesmo um avião a jato e um helicóptero. Reportagem do G1 informou que o médico Mouhamad Moustafa teve o patrimônio multiplicado 88 vezes de 2012 a 2015 e que ele realizava articulações junto ao governo para obter acesso às verbas públicas de saúde e, assim, conseguir as liberações de pagamentos junto às secretarias de governo.

Shows particulares de bandas famosas do país também estavam entre as regalias de Moustafa. Segundo a PF, ele utilizava a empresa AudioMix para lavar dinheiro oriundo dos desvios milionários da Saúde do Amazonas. A empresa tem sede em Goiânia e gerencia grandes nomes da música pop e sertaneja no Brasil, como a dupla Jorge e Mateus.

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“É inaceitável e indecente que o dinheiro da saúde pública seja usado para bancar luxo enquanto temos vidas sendo perdidas nos hospitais. A Saúde está sucateada! Os servidores estão trabalhando em condições péssimas, sem material e com estrutura precária. Estamos correndo um risco de ver o Sistema Único de Saúde inflado de empresários que só visam o lucro. Não vamos aceitar OSs no DF para que eles roubem como fizeram no Amazonas. Vai ter guerra em defesa do povo!”, afirmou Marli Rodrigues.

Com informações do G1, Estado de S. Paulo, Jornal de Brasília, Portal CM7 e Metrópoles.

 

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