A pressão que partia do meio político para trocar o comando da Saúde ocorria há meses. No fim de abril, diante do caos nos hospitais, um grupo de deputados distritais — incluindo alguns da base do governo — chegou a organizar um jantar para criticar João Batista de Sousa e angariar apoio a fim de emplacar o médico Renato Lima, ex-diretor do Hran, na pasta. O indicado dos parlamentares não chegou ao cargo, mas a pressão ajudou a derrubar Batista. Agora, os deputados não escondem o temor de a pasta ser comandada por alguém que não é da área.
Liliane Roriz (PRTB), vice-presidente da Câmara Legislativa e aliada de Rollemberg, ficou receosa com a escolha. “É estranho o governador ter tomado a decisão de forma unilateral, sem ouvir entidades e associações ligadas à Saúde”, comenta. “Preocupa o fato dele (Gondim) não conhecer o setor. Entretanto, é consultor e tem conhecimento sobre gestão pública”, ponderou. A distrital disse esperar que a decisão seja acertada, “agora que já foi tomada”.
Fábio Gondim foi candidato a deputado federal pelo PT nas últimas eleições. Segundo o líder da oposição, Chico Vigilante (PT), o partido não o indicou para o cargo. “Nós não conversamos com governador. Mas espero que o novo secretário tenha a capacidade gerencial de colocar a saúde pública em dia”, disse, após definir os sete meses da gestão de Batista como um “desastre completo”. “Foi lamentável o Rollemberg ter deixado a população sofrer por tanto tempo”, afirmou.
Experiência
O líder do governo na Casa, Julio César (PRB), minimiza o fato de o novo secretário não ser vinculado à área. O deputado, que foi o titular da pasta de Esporte no governo de Agnelo Queiroz (PT), usou a experiência dele à frente de uma secretaria para exemplificar. “Ao analisar o currículo do Gondim, vemos que ele conhece a máquina. É como quando fui secretário de Esporte: não era da área, mas meu conhecimento de administração pública ajudou”, comparou.
Fonte: Correio Braziliense