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sexta-feira, 19 abril, 2024

Aposentados apreensivos

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SindSaúde DF
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Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Distrito Federal

Também afetados pelo fatiamento dos salários, servidores concursados que trabalharam por décadas em órgãos do governo, muitos deles idosos, planejam a economia familiar para se precaver de novos atrasos no pagamento, algo que nunca viram antes

O serviço público como opção mais segura de emprego? Isso foi há algum tempo. Com a crise financeira instalada atualmente no Governo do Distrito Federal (GDF), muitos funcionários, concursados, não mais apostam na estabilidade. Estão assustados com os fatiamentos de salários e apreensivos com os atrasos. É o tipo de situação que nem mesmo os servidores mais antigos do GDF passaram, em mais de 37 anos de carreira. Alguns aposentados do Estado começam, inclusive, a planejar a economia familiar para não ter, num possível atraso de salário, que passar por aperto nas contas. Pioneiros de Brasília, acostumados até a terem benefícios adiantados em governos anteriores, não sabem o que esperar do próximo mês.

O parcelamento dos salários de diversos servidores foi uma das formas encontradas pelo novo governo para tentar amenizar a crise deixada pela gestão de Agnelo Queiroz. O rombo nos cofres públicos foi conhecido durante a transição e estourou logo após Rodrigo Rollemberg assumir o comando do Executivo local. Apesar de ter tomado a decisão numa espécie de medida de “necessidade pública”, a atitude do governador foi questionada. O Ministério Público de Contas entrou com uma representação com um pedido de liminar para que o GDF não fizesse o fatiamento. O Tribunal de Contas do Distrito Federal julgou e determinou que o governo cumprisse a lei e, em caso de atraso, teria que pagar com atualização monetária. Mesmo assim, os servidores viram seus salários caírem na conta gradativamente.

Insegurança
Foram 37 anos de serviço pelo governo. Todos no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). E esta foi a primeira vez que a aposentada Aversoni Gonçalves Homar, 80, viu um salário atrasado e, depois, parcelado. “Nunca vivi isso na minha vida, a não ser no mês passado. Atrasaram o nosso salário e, quando pagaram, só depositaram uma parte”, contou. Pioneira, Soni, como é chamada, conheceu de perto os governos. Ela e o marido, João Alcides Homar, 81, já tiveram salários e benefícios, como férias e 13º, pagos antes do tempo, na época da gestão de Israel Pinheiro. “Mas, agora, ficou ruim, bagunçado, sem sabermos o que vai ser do mês seguinte. Não tivemos como planejar porque nunca imaginamos que isso poderia acontecer um dia nem sabemos o que fazer para frente. É uma insegurança”, resumiu Soni.

João chegou à nova capital em dezembro de 1957. Era desenhista. Foi secretário de Estado, diretor-presidente da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), diretor da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), subsecretário de Indústria e Comércio e administrador do Núcleo Bandeirante. Para quem viu a cidade crescer e acompanhou as mudanças de uma gestão para a outra, passar por este momento de crise incomoda muito mais do que ter que atrasar algumas contas. “Sempre vivemos com tranquilidade. Estávamos acostumados a receber em tal período. Nunca vi uma situação dessas na minha vida. Pegou a gente de surpresa, porque é algo que nunca pensamos viver”, disse. Com a vida financeira estabilizada, o casal não precisou cortar gastos. “Graças a Deus, temos boas condições, mas não deixamos de ter nossos compromissos. Mas quem não tem uma vida financeira boa? Temos que pensar nessas pessoas”, finalizou Soni.

Fonte: Correio Braziliense

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